refletimos:
somos prata envidraçada.
(retire a primeira pedra
quem se surpreender pela mão ferida quando catar os cacos)
reflitamos:
somos prata aflita, imagem encarcerada:
e se dizer amor nem sempre é dizer amamos?
e no entanto dizemos
dizer de si
(só de cor)
num amor multiplicado aos estilhaços:
esse gesto dito alcançará o fundo do espelho,
todo superfície?
trará isto um outro colorido
ao brilho antigo da prata?
e dizer amor será dizer amamos,
desde si até um sol maior de um claro eclipse:
a prata da lua engolida luzirá
desde si se derramando
dissolvendo o jogo dos reflexos,
reunindo enfim fundo, superfície, substância
e dizer amor será dizer amamos,
mesmo que por enquanto digamos nós nas entrelinhas.
(no meu telhado onde a lua se olha,
atire a pedra fundamental:
cato os cacos
me faço nua
mosaico de porcelana e pedra bruta)
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